quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Coisas que eu sinto #3


Anteontem eu assustei-me…assustei-me muito.
Foi tudo um mal entendido enorme com uma troca de números de tefelone e uma avaria no meu que me levaram a querer que algo de errado tinha acontecido a alguém. Não…não era só alguém. Era o meu alguém…a minha Mãe.
Fiquei horas sem conseguir falar-lhe, ninguém me atendia ou me recusavam a chamada, e eu não sabia, porque nunca tenho o numero do meu telefone anónimo. E não sei como ficou...
O meu alguém.
Terminou a bateria e começou o meu desespero…
Chovia tanto, mas acho que nunca fiz a viagem até casa tão rápido. Não estava em minha casa…não via o carro dela. Até que o meu pai me abre a porta.
E estava ali o meu alguém. Tranquila, deitada do sofá…inteira…
Caí de joelhos num pranto, e não, não tenho vergonha de o dizer. Mal podia respirar, o meu coração explodia no peito e o ar não era suficiente.
Abracei a minha Mãe que me acudiu…a minha Mãe, com um toque que é só dela, um aroma incomparável, um abraço interminável e sussurrou ao meu ouvido "está tudo bem…está tudo bem, eu estou aqui!"
O meu coração não abrandava e o pânico que tinha tomado conta de mim não me largava e ela preocupada perguntou "aconteceu mais alguma coisa, aconteceu alguma coisa para estares assim, tem que ter acontecido?"
Não…a minha Mãe não sabia, se calhar nunca fui suficientemente expressiva para ela entender e me perguntar se tinha acontecido mais alguma coisa…como se não estivesse na minha mente a pior coisa que me podia acontecer. E ela achava que, por ela, não chegava…que ela não chegava…não sabia que perde-la mataria a minha alma. Como posso perdoar-me porque nunca lhe ter mostrado?
Como é que nunca lhe expliquei? Como deixei passar o tempo sem ela saber o que significa para mim? Que por ela seria capaz de tudo…Que me deslumbro ao ver as fotografias dela quando tinha a minha idade e reparo que sou parecida com ela. É o que mais quero, ser igual a ela…porque não existe ninguém na face no Universo que seja um terço dela para mim…
Aquilo que sou, a personalidade que tenho, a forma como vivo aprendi com ela. Os meus valores, as minhas crenças, as minha tradições...
A minha Mãe é uma guerreira. Entre tufões e terramotos é como as arvores, sempre de pé!
"Tem fé filha" diz-me sempre, e tenho mamã…tenho fé que Deus te faça eterna...