quinta-feira, 14 de julho de 2011

Instantes de Ficção


8 de Junho de 2011
"Meu querido,
poderia dizer-te que estou a sorrir...que pouco me importa o futuro daqui para a frente, mas estou farta de mentiras.
Às vezes olho para trás e tenho a sensação que tudo o que vivo é um filme com um guião inacabado...um romance perdido em meias páginas que o autor nunca terminou...um livro apenas com capa e titulo e sem história!
Não tenho mão em nada do que acontece, não sei por onde vim, como vim, onde estou, para onde vou e como vou...limito-me a ir na esperança de que um artista seguro da sua pena traçe o meu caminho com certezas do que faz!
Sei viver assim, no limbo, na corda bamba. Sou na realidade uma artista de circo, uma malabarista da vida que salta sem rede e sem medo de cair. Não que não tenha medo que tal aconteça...mas tudo já está partido, mais coisa menos coisa não fará diferença!
Estou cansada de te ouvir enganar-me com os teus pedidos de confiança, as tuas promessas vãs de que vais mudar, de que uma oportunidade e me provas que nada é o que eu penso ou sinto! 
A cada engano arrancas mais um pedaço de mim.
Acusas-me de em ninguém confiar...como és injusto. Confiei em ti, de olhos fechados e alma aberta...mas quando se entrega o coração na mão de outro alguém não é justo que o esmaguem. Não estás já cansado de o fazer?
Já não sei se é inocência, maldade, imaturidade ou arrogância...mas não páras!
Olha para mim...que te fiz eu?
Falhei-te assim tanto que o teu principal prazer é fazer-me sentir uma inutil criatura que podes usar à tua inteira disposição?
Olha, mas olha bem para mim. Estás a confundir-me...não, afinal não sou eu que te confundo...és tu que me confundes a mim...
Eu sou especial.
Sei abrir as portas da minha pele, as entranhas do meu peito, todos os poros da minha pele para que neles te possas entranhar e não me arrependo. Se rasgar...sei como colar.
Sei sentir...sei rir, chorar, gritar, dançar, cantar, rebolar na areia e arrastar-me à chuva.
Sou metade loucura e metade amor...Sou metade emoção e metade sentimento...
Não sou nem metade razão...nem quero ser...
Mas sei o que tu nunca saberás...Sei amar...Sem medo!
Sei amar quem me rodeia e respeitar quem me cuida.
Sem desculpas de que fui muito magoada e por isso fiquei assim...porque essa é a mais triste e ignorante das teorias...porque eu já fui muito mais que magoada, já fui desfeita.
E não, não deixei de amar e jamais deixarei...
Jamais atacarei como defesa, darei a outra face as vezes que conseguir...
Mas um dia em vez da outra face o que encontrarás será o vazio da minha caminhada.
Sei rasgar a minha pele para que entres mas também sei a ponto de cruz excluir-te dela..
Fui eu que escrevi este inicio, se quiseres manter a história escreve-a sem erros, usa o dicionário mais vezes...ou escreverei o fim.
Este livro já tem capa...mas a contracapa está por chegar!"
Por Susana Dias Ramos

6 comentários:

  1. É por isso que eu te gosto....por seres transparente :)

    Porque um dia me Perdi
    ( Tua Susana)

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  2. Nunca é tarde para te achares...
    ( Tua Susana )

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  3. sou uma admiradora do teu blog esta carta esta deveras fascinante!! nao canso de a ler!! espero k as tuas feridas ja tenham sarado e encontres a linha pras coser com ponto de cruz, pois quem ousa rasgar a pele de uma mulher tem minimamente k cuidar dela!! muitas felicidades e parabens pela ousadia delicada k tens :)

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  4. Obrigada Silence...
    Espero que fiques por cá!
    Beijinho grande

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