Este documentário está dividido em 5 partes, esta é a ultima das 5.
Como todas as terças depois de terminar as consultas no Porto rumei a Lisboa para mais uma quarta e quinta por bandas da clínica da capital!
Cheguei não muito cedo mas liguei a tv no quarto do hotel para me embalar no sono e dei de caras com aquela que acho que será uma das reportagens da minha vida...
O tema era o "suicídio assistido", e entre outras histórias o Craig contava na primeira pessoa o que se passava com ele e sem nomes médicos pomposos a realidade era que ele tinha 1 a 2 anos de vida no máximo, e que o corpo dele definhava desde há 6 meses aquela parte, que iria ficar completamente paralisado até chegar a um ponto final. Apesar de apenas 6 meses terem passado ele já não tinha movimento nos braços e necessitava de ajuda para tudo...e o que o mantinha vivo e a respirar era o ventilador que usava 24h por dia.
Escolheu morrer de uma forma que ele pudesse controlar. Já tinha estudado casos iguais ao dele, e a maioria parecia ter uma morte pacifica e sem dor e o Craig defendia que não sabia como avaliavam tais reacções e tais sensações se a pessoa não podia mover nenhum músculo, nem dizer nenhuma palavra...segundo ele "claro que é pacifico, se está tudo imóvel!"
Existem 2 associações na Suíça (onde o suicídio assistido é legal) e ele escolheu a Dignitas para poder pôr termo à sua vida da forma que ele considerava digna e que o faria sentir-se seguro, pois escolheria o dia, a hora e o que se passaria ao seu redor nesse momento! Queria a 9ª Sinfonia de Beethoven e simplesmente adormecer...
Este post não é suposto levantar polémicas, nem recolher opiniões acerca de se deve ou não ser permitido fazer tal coisa, nada disso...trata-se apenas de enaltecer a coragem das pessoas que conseguem engolir aquele liquido sabendo que não mais vão acordar daquele sono. E a coragem, que esta não será bem a palavra mas no dicionário ainda não existe uma que chegue para o que se passa ali, para quem apoia e fica do lado naquele momento!
Este post apenas serve..."apenas" para partilhar que o tempo e a vida são as coisas mais valiosas que existem.
Apesar de já estar deitada e serem 2h da manhã não houve parte do meu corpo que não tremesse a cada palavra que ouvi e a cada golo que vi engolir com o medo e a coragem estampada nos olhos...dormir foi difícil mas hoje sinto-me mais sábia, mais crescida!
Acho que me falham as palavras correctas para partilhar realmente o que sinto e o que queria partilhar...mas que palavras posso usar perante tanto heroísmo?
Partilho as do Craig "só vou morrer no dia em que não exista uma única pessoa que já não saiba o meu nome. Fui feliz, tive uma vida feliz e terminei feliz."
E a Mary levou o seu amor à Suiça para ele poder morrer em paz e voltou sozinha, com o peito cheio de uma vida de partilha e felicidade...respeito...
Eu assumo-me sem letras ou palavras...mas sinto e sei e assumo que passo tempo demais a desvalorizar aquilo que é realmente importante...vocês não???
Por todos os "Craig"...
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